XI Congresso Internacional de Teoria Crítica – 01 a 05 de outubro de 2018

Teoria Critica

Entre os dias 01 e 05 e outubro de 2018 será realizado o XI Congresso Internacional de Teoria Crítica: “Estado de Exceção e Racionalidade na Idade Mídia”, na Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da UNESP (ARARAQUARA).

O Congresso é uma Realização do Grupo de Pesquisa – “Teoria Crítica e Educação” com financiamento: FAPESP, CNPQ, CAPES e Apoio:UNESP, UFSCar, SESC-SP.

Criado em agosto de 1991, na Universidade Federal de São Carlos-SP, o Grupo de Estudos e Pesquisa “Teoria Crítica e Educação” se dedica a estudar e a atualizar o legado das obras da primeira geração dos clássicos frankfurtianos. Seu escopo é o de diagnosticar e esclarecer – mediante tal orientação teórica – as diversas contradições da sociedade contemporânea, assim como incentivar a produção teórica coletiva, multidisciplinar e interinstitucional.
Ao longo de sua existência, o GEP “Teoria Crítica e Educação” desenvolveu vários estudos e pesquisas, como as realizadas no campo da educação e da formação cultural, inclusive encarando de modo pioneiro e crítico as implicações nele verificadas pela ação das novas tecnologias. De maneira multidisciplinar, também desenvolveu estudos sobre as transformações ocorridas no campo da produção cultural com o intuito de esclarecer as relações entre formas estéticas e processos sociais, bem como buscou identificar e analisar os novos sintomas decorrentes do acelerado desenvolvimento de um ethos cultural high-tech. Com o mesmo esforço teórico a fim de relacionar o que a realidade administrada separa, estudou também as transformações da subjetividade engendrada pela sociedade capitalista contemporânea, entre outros objetos de pesquisa.
O GEP “Teoria Crítica e Educação” possui sedes-Institucionais localizadas nas seguintes Instituições: UFSCar, UNESP-Araraquara, UNIMEP, UFES, UFSC, UFLA, além de ter representantes na UEM- Maringá, PUC/Minas, UNESP/Bauru, UNESC, USF e UNIARARAS.
Nestes 27 anos de existência o GEP “Teoria Crítica e Educação” realizou, a partir de 1996, 3 congressos nacionais bienais e 4 internacionais. Dando continuidade a essa atividade, o GEP propõe a realização em 2018 do XI congresso Internacional, cujo tema central é Estado de Exceção e Racionalidade na Idade Mídia. Com a escolha desse tema, o GEP propõe incentivar a reflexão coletiva e multidisciplinar sobre a atualidade enfocando um de seus mais marcantes aspectos, qual seja: a configuração hodierna do Estado e da racionalidade vigente. Mais precisamente, trata-se de verificar e de debater a atualidade da célebre asserção benjaminiana segundo a qual “A tradição dos oprimidos nos ensina que o ‘estado de exceção’ em que vivemos é na verdade a regra geral” (Teses sobre o conceito de história, 1940). Asserção cuja premência se fez sentir pelos acontecimentos recentes desencadeados no país, por um lado, mas também pelos decorrentes do início do século nos EUA e na Europa, por outro; os quais configuraram uma racionalidade sistêmica, capaz de possibilitar a eclosão de um tipo de “guerra civil legal” com vistas à eliminação de indivíduos, ou mesmo de grupos sociais, além de uma determinada estratégia orientada ao combate de supostos alvos considerados como fator de periculosidade à sobrevivência do sistema, e da ordem institucional que o sustenta.
O estado de exceção se caracteriza desse modo como um estado nebuloso e paradoxal situado na fronteira entre o direito público e o fato político; e para o qual não parece haver uma teorização adequada que legitime, do ponto de vista do ordenamento jurídico constitucional, o conjunto de medidas políticas excepcionais que o conformam. Refletir e debater sobre essa questão num momento histórico em que se verifica o deslizamento contínuo da política em direção a esse vácuo jurídico, de modo a conformar as novas técnicas de exercício do poder nas sociedades democráticas hodiernas é, sem dúvida, uma exigência da atualidade e uma atividade que requer o exercício tenaz da crítica radical. Tal reflexão alimenta a esperança – como ocorre com todo pensamento verdadeiramente crítico – de transcender o mero debate intelectual acadêmico e apresentar consequências na esfera prática da cidadania.
A reflexão proposta pelo XI Congresso Internacional de Teoria Crítica também propicia a consideração teórica da racionalidade dominante e de suas relações complexas com a tecnologia – entendida aqui como “a técnica na era do capitalismo”, conforme formulação original de H. Marcuse. De fato, embora esta possa aparentemente conter um potencial de emancipação, ela também se presta, nas sociedades capitalistas contemporâneas, à prática da dominação social, e, nesse sentido, é capaz de suscitar tanto uma aceitação acrítica e unilateral do presente, quanto incidir negativamente nas formas de expressão individuais e coletivas. Além do mais, a incidência da tecnologia nas relações humanas tem contribuído para estimular uma espécie de regressão dos sentidos, e até mesmo do próprio pensamento considerado aqui como a capacidade humana por excelência. O desenvolvimento tecnológico que presenciamos tem transformado profundamente as formas de comunicação, a genética, as concepções bélicas envolvendo a produção de armamentos que almejam elevar a produtividade da morte. Fenômeno que tem gerado implicações profundas na organização das estruturas das sociedades, nas suas ideologias e nas formas de exercício do poder político.
De outra parte, o estado de exceção e a racionalidade dominante também implicam formas complexas de relações com a indústria cultural globalizada, que, com frequência, e em diversas conjunturas, funciona como um poderoso think tank, isto é: como uma organização que se dedica a produzir e/ou a difundir ideias, estratégias, projetos de políticas estatais com o objetivo de influenciar governos e/ou formar e conformar uma determinada opinião pública, como ocorreu recentemente na Europa com a cobertura midiática dos movimentos migratórios de populações indefesas ou deslocadas de seus países por causa das atrocidades cometidas nas guerras locais. Nesse sentido, a adoção da expressão ”idade mídia” pretende ser crítica e estabelecer uma relação entre o presente e o passado, que para uma parte considerável da humanidade parece não passar jamais. Trata-se, assim, de aludir à formulação benjaminiana da permanência da barbárie no presente. E, também, ainda que com as devidas mediações, à formulação proposta por Adorno e

Horkheimer contida na Dialética do esclarecimento (1947): “o progresso irrefreável é a irrefreável regressão”.
A reflexão proposta pelo tema do XI Congresso Internacional de Teoria Crítica se nutre da esperança de não apenas contribuir para o esclarecimento de dimensões ou aspectos obscuros e complexos de nosso presente, mas também de transcender o debate intelectual acadêmico a fim de apresentar consequências na esfera prática de uma formação verdadeiramente voltada à cidadania plena e universal.

Confira a programação completa e formas de participação no site do GEP:

http://www.teoriacriticaeducacao.ufscar.br/